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Iluminarte

Iluminarte | Curadoria | CJ Shops | Segunda Edição 2022

Um mundo de múltiplas formas e cores, que desperta para fantasias e abre espaço para sonhos do mundo real. É este o universo surrealista que desejamos criar com a segunda edição da Iluminarte. O surrealismo como movimento de vanguarda surge na Europa no período entre guerras, mas seu impacto ultrapassa o velho continente, deixando marcas até em nosso modernismo brasileiro. Baseado nas descobertas de Sigmund Freud sobre o inconsciente e diante do desejo por um mundo menos racional e carente de imaginação, o surrealismo apresenta imagens até então impossíveis.

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À primeira vista, as cinco obras espalhadas pelo CJ Shops podem lembrar as associações livres do cadavre exquis (jogo feito pelos surrealistas em que palavras aleatórias são escritas em sequência sem que se saiba das anteriores, criando poemas aparentemente ilógicos, mas repletos de significado). Rapidamente a reunião destes artistas ganha sentido sob a perspectiva de um surrealismo contemporâneo: todas as obras vivem entre o real e o imaginário; estão entrelaçadas quando partem de noções fantásticas, revelando algo de inconsciente para criar uma fantasia livre e aberta a uma infinidade de interpretações. Nas palavras do escritor francês Guillaume Apollinaire (que teria cunhado o termo “surrealismo”), os artistas nos conduzem “bem vivos e despertos ao mundo noturno e fechado dos sonhos”.

À primeira vista, as cinco obras espalhadas pelo CJ Shops podem lembrar as associações livres do cadavre exquis (jogo feito pelos surrealistas em que palavras aleatórias são escritas em sequência sem que se saiba das anteriores, criando poemas aparentemente ilógicos, mas repletos de significado). Rapidamente a reunião destes artistas ganha sentido sob a perspectiva de um surrealismo contemporâneo: todas as obras vivem entre o real e o imaginário; estão entrelaçadas quando partem de noções fantásticas, revelando algo de inconsciente para criar uma fantasia livre e aberta a uma infinidade de interpretações. Nas palavras do escritor francês Guillaume Apollinaire (que teria cunhado o termo “surrealismo”), os artistas nos conduzem “bem vivos e despertos ao mundo noturno e fechado dos sonhos”.

Se o shopping não é necessariamente um lugar óbvio para se encontrar obras de arte, a cada passo pode haver uma surpresa. As obras aqui instaladas despertam o onírico, o lúdico e o súbito por meio de formas e cores. Já na fachada, somos surpreendidos por esculturas digitais nos vigiando no painel de LED e conectando o mundo de fora ao de dentro. Um lustre feito de mais de 6 mil metros de correntes e que brilha como um sol no centro do espaço pode ser visto de todos os andares, ligando o teto ao chão: a cada ângulo, uma interpretação diferente. Surpreende a presença de uma cachoeira de luzes no meio da cidade de São Paulo, criando uma sensação de desorientação ou de questionamento dos nossos próprios sentidos. A justaposição de uma escultura gigante de inspiração clássica soterrada em um dos pisos remete a uma miragem ou um não-lugar - completamente inesperado. Assim como os objetos coloridos e repletos de forma e cores que lembram um sonho, mas são inspirados no dia a dia de muitos cantos do país, onde os recursos utilizados são os que se têm à mão. 

 

Como escreveu André Breton em seu “Manifesto Surrealista” de 1924, “Vivemos de fato das nossas fantasias quando lá estamos”. Assim, esperamos que esta visita se torne uma possibilidade para que cada um viva sua fantasia, não importando que cores ou formas ela tenha.

Por Luiza Testa

 

 

Gabriel Massan

Para Gabriel Massan, a experiência de criar mundos vem de seu profundo interesse em esculturas digitais que simulam e narram situações de igualdade a partir do ponto de vista da pessoa preta, indígena e latino-americana. Para o artista, a realidade virtual é uma forma de investigar as diferentes noções de estranheza e ignorância por trás do universo virtual como do real.

 

Sua prática frequentemente tem como foco as discrepâncias sociais e a influência que sofrem pelas esculturas criadas em cenários virtuais comuns e incomuns, adicionando sua experiência pessoal à pesquisa de forma a trazer mais uma camada de significado ao tema.

Atualmente, Gabriel Massan vive na Alemanha.

Terrário para Fertilização in Vitro Esculturas digitais humanoides nos observam enquanto estão presas aos telões na fachada do shopping, em uma narrativa distópica que reúne fatos históricos e simula uma história fictícia. 

 

Estas personagens que compõem Terrário para Fertilização in Vitro nos lembram que estamos sendo constantemente observados – seja no mundo real ou no metaverso. Por meio destas

grandes janelas digitais, as esculturas parecem querer nos alertar sobre a nossa sensibilidade  perdida, a humanidade reprimida e a existência de um novo universo. Estas são noções cíclicas

que marcaram também o surrealismo, em obras como a de Salvador Dalí, “Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo”.

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Gabriella Garcia

O passado histórico dos objetos é central na obra de Gabriella Garcia. A artista frequentemente garimpa peças antigas que, por terem sido danificadas, perderam seu valor. No entanto, ao serem agregadas a uma obra de arte, recuperam parte de sua importância. Em um processo de inversão que visa ressignificar conceitos de imagem e poder, Gabriella questiona a existência de uma verdade única. Embora sua poética visual ostente uma aura misteriosa e onírica, suas obras têm como origem pesquisas históricas, com dados reais. Criam, assim, um movimento dialético entre realidade e ilusão.

 

Solo, sombra, ilusão

O primeiro encontro com Solo, sombra, ilusão transcende a experiência lógica e suscita a pergunta: há um mundo subterrâneo que não podemos enxergar? Com esta instalação, a artista cria um não-lugar que busca refúgio no impossível. Se os surrealistas utilizavam elementos figurativos para criar cenários absurdos, aqui a artista também evoca a metafísica ao propor com objetos, grandes dimensões e iluminação um espaço misterioso em plena metrópole. O anacronismo presente na estátua de inspiração clássica nos remete às telas de Giorgio de Chirico, como “Canção de amor”.

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Vigas

Artista multimídia conhecido por suas instalações audiovisuais e obras em videomapping, Vigas lança mão de fenômenos como luz e som para criar obras que vão de esculturas a projeções de grande escala. Seus projetos frequentemente partem do sintético para criar uma estética orgânica em obras que envolvem o espectador e oferecem inúmeras possibilidades interpretativas.

 

O artista coleciona diversas apresentações em festivais nacionais e internacionais, tais como Sónar Festival de Barcelona (Espanha), Amsterdam Light Festival – Amsterdã (Holanda) e SP Urban Digital Festival – São Paulo (Brasil). Light Falls Uma enorme cachoeira de tubos e luzes, Light Falls traz para dentro do shopping um elemento

primordial: a água.

 

Não é necessário que a água em si componha a obra para que se faça presente e nesta instalação o artista gera uma fricção ao criar o orgânico a partir do artificial e mimetizar o líquido por meio do sólido. Fundamental para a vida, a água também carrega consigo uma variedade de simbolismos, como a profundidade, o movimento, o espelho, o sonho e a fluidez em oposição à petrificação.

 

Ao longo da História da Arte, inúmeras obras tiveram como tema este bem inestimável. No surrealismo em especial, a água era um assunto recorrente, por representar o mergulho no inconsciente, como fica claro na pintura a óleo de Frida Kahlo, “O que a água me deu”.

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Rizza + Estúdio Xingu

Rizza e Estúdio Xingu se uniram neste projeto para criar uma obra que existe na intersecção entre as duas trajetórias: de um lado, o Estúdio, que nasce como night club nos anos 1990 em um ambiente de imersão e que passa a se associar à moda e à publicidade com o intuito de criar desejo. Do outro lado, uma artista interessada em assuntos ancestrais, como a cosmologia e as relações energéticas - inclusive aquelas provenientes de objetos -, disciplinas que permeiam sua prática artística. Reunidos, Rizza e Estúdio Xingu tornam-se uma espécie de usina de força artística para criar uma obra que alia significado, espiritualidade e beleza.

Fóton é um imenso lustre que pende do teto quase tocando o chão e está localizado bem ao centro do shopping. Não coincidentemente, a obra foi inspirada no sol. Cada elo dos mais de 6 mil metros de corrente representa um fóton – a partícula primordial que compõe a luz.

Também como o sol, a obra pode ser vista de quase todos os lugares do shopping e, sob diferentes ângulos, permite que cada espectador a interprete a seu modo. O sol representa uma fonte de energia inesgotável, pode ser usado de forma terapêutica e é cultuado como divindade em algumas culturas.

No surrealismo, o sol é um elemento importante graças a seu vasto repertório simbólico, aparecendo em obras como a pintura a óleo “O banquete”, de

Renée Magritte.

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Tainan Cabral

As obras de Tainan Cabral são carregadas de realidade pessoal e referências históricas que se transfiguram em fantasia.

 

Assim, o artista parte de sua pesquisa de fotografia iniciada em seu lugar de origem - Senador Camará, no subúrbio do Rio de Janeiro - para criar uma mistura de conceitos que altera a realidade a partir de efeitos visuais e na qual os limites são as cores. Sua estética característica transita entre o orgânico e o sintético e se alimenta de outras áreasartísticas como a música, concretizando aquilo que o artista chama de “miragem da imagem”.

Dubismo 2

Com inspiração no dubstep, um gênero musical que utiliza muitos efeitos sintéticos, a obra Dubismo 2 traz inúmeras cores e formas em aparente associação livre e que podem ser traduzidas como um sonho através da realidade.

 

Influenciado por suas pesquisas sobre elementos do subúrbio, o artista traz o conceito profundamente brasileiro da gambiarra (utilizar de improviso o que se tem à mão para resolver uma situação), associando a matemática ao orgânico e o bucólico ao lúdico para criar um lugar inexistente, uma miragem da imagem.

 

O uso de materiais prontos, como pneus e molduras, remete ao famoso ready made “Fonte”, de Marcel Duchamp, um dos principais expoentes do dadaísmo, movimento de vanguarda tido como propulsor do surrealismo.

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